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Alexandre Félix

Série: Gêneros Literários - NOVELA LITERÁRIA - Parte 1



Novela (do italianonovella: notícia; narração de acontecimento real ou imaginário),[1] em português, é um gênero literário que consiste em uma narrativa de caráter breve, sendo, porém, considerado o gênero mediano entre o conto, de menor extensão, e o romance,[2] de maior extensão. Dentre as principais características desse gênero estão: o número reduzido de personagens, a sequencialidade dos fatos, a linguagem objetiva, a narração rápida e a variedade de temas.


A novela literária


Os estudos dos gêneros literários de língua portuguesa classificam, grosso modo, as narrativas em romance, novela ou conto. Os equivalentes de novela em inglês, francês e espanhol são novella, nouvelle e novela corta ou novele, respectivamente. Para não confundir, convém lembrar que romance em inglês é chamado novel, em francês chama-se roman, e em espanhol, novela.


Para Carlos Reis (2003), enquanto no conto a ação manifesta-se como uma ação singular e concentrada, no romance há um paralelo de várias ações e na novela há uma concatenação de ações individualizadas. Eikhenbaum, formalista russo, define a diferença entre um e outro em artigo de 1925. Para ele, "o romance é sincrético, provém da história, do relato de viagem, enquanto novela é fundamental: provém do conto (Poe) e da anedota (Mark Twain). A novela baseia-se num conflito e tudo o mais tende para a conclusão."


A Novela literária, gênero menos popular no Brasil, possui uma rapidez na narração, podendo ser escrita nos gêneros narrativo, lírico e dramático. Para Soares (2007), a ação é predominante na narrativa novelística, o que dá a esse gênero uma feição dramática, pois os conflitos existentes no decorrer da narração são postos em destaques e todos tendem para a conclusão, para a solução.


Primórdios da novela


As origens da novela, como gênero literário, remontam aos primórdios do Renascimento, designadamente a Giovanni Boccaccio (1313-1375) e a sua grande obra, o Decameron, que, sobretudo por seu aspecto realista, rompeu com a tradição literária medieval. Trata-se de uma compilação de cem histórias contadas por dez pessoas refugiadas numa casa de campo para escaparem dos horrores da Peste Negra, a qual é objeto de uma vívida descrição no preâmbulo da obra.


Ao longo de dez dias (daí o nome decameron, do grego deca: dez), sete mulheres e três homens, para ocuparem as longas horas de ócio do seu autoimposto isolamento, combinam que todos os dias cada um conte uma história, geralmente subordinada a um tema designado por um deles. Refira-se ainda outra obra, escrita em francês, com o mesmo tipo de estruturação: o Heptameron, da autoria de Margarida de Navarra (1492-1549), rainha consorte de Henrique II de Navarra. Nessa, são dez viajantes que se abrigam de uma violenta tempestade numa abadia. Impossibilitados de comunicarem com o exterior, todos os dias cada um conta uma história, real ou inventada. Em forma de epílogo, cada uma é concluída com comentários dos participantes, em ameno diálogo. Era intenção da autora que, à semelhança do Decamerão, a obra compreendesse cem histórias, porém a morte impediu-a de realizar o seu intento, não indo além da segunda história do oitavo dia, num total de 72 relatos. Será também a morte prematura que poderá explicar uma certa pobreza de estilo, contrabalançada, porém, por uma grande perspicácia psicológica.



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